quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

E se eu quebrar as regras?

 




Como boa neurótica que sou, tenho uma regra cinematográfica que levo muito a sério que é não me apaixonar um filme sem um intervalo de um mês. Eu preciso desse tempo para me recompor, falar exaustivamente para os meus amigos, postar no Instagram, no Twitter, ameaçar desfazer amizades com quem não assistir ou assistir e não amar tanto quanto eu além de refletir se devo favoritar ou não no Letterboxd. Tudo isso leva tempo.

Semanas atrás vi A Caça, do dinamarquês Thomas Vinterberg. Um filme profundo e doloroso sobre os danos irreparáveis que a mentira e o julgamento precipitado podem causar. Era como se pudesse sentir a dor da injustiça dentro de mim. Fiquei dias falando sobre ele — até com desconhecidos na rua, eu puxava assunto.

Em seguida, veio Alabama Monroe. Por favor, uma pausa para Alabama. Esse é um filme que não dá para ir falando sem essa pausa. Sem um suspiro. Sem um olhar perdido no horizonte. O longa belga Felix Van Groeningen é um belíssimo conto de fadas rural de arrancar o coração com as mãos. Aquele tipo de filme em que os personagens saem do cinema com a gente, vão para casa, para o trabalho, para as festas, e se recusam a partir enquanto a gente não aceita e supera tudo que aconteceu com eles. Quando a gente aceita, eles vão.

Eu gosto de filmes que deixam conseqüências. Não gosto de sair do cinema do mesmo jeito que entrei. E nesse quesito, e em todos os outros, esses dois citados estão de parabéns.

Alguns filmes são tão lindos que não terminam quando acabam.

Estou apaixonada pelos dois. Quebrei a regra. 

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